Charlie Patino regressou aos relvados na semana passada com a camisola do Arsenal – desta vez a representar a equipa dos Sub-23 – e apesar do resultado, mostrou o porquê de poder vir a ser um jogador muito importante na nova época.
Quem segue mais de perto as camadas jovens do clube, já terá provavelmente ouvido falar de Charlie Patino. É considerado por muitos um dos jogadores mais promissores da nossa academia. Com 17 anos de idade, é internacional sub-17 inglês e, apesar do futuro brilhante que tem em perspetiva, ainda tem muito para aprender e desenvolver.
Patino começou a temporada passada nos sub-18, onde no primeiro jogo da FA Youth Cup chamou logo a atenção com um espetacular golo de longa distância. Depois, com o virar do ano, começou passo a passo a marcar a sua presença nos sub-23.
A entrada de Charlie Patino na equipa de sub-23, que estava com maus desempenhos e nos últimos lugares da classificação na Premier League 2, veio trazer uma lufada de ar fresco à equipa comandada por Steve Bould na altura. Se quisermos realçar o principal contributo que deu, foi o golo tardio contra o Chelsea que providenciou ao Arsenal um ponto fundamental na luta pela manutenção.
Infelizmente, depois disso as coisas não correram como esperado. No jogo a titular frente ao Manchester United mal jogou, quando um dos defesas foi expulso aos oito minutos e ele foi forçado a sair para dar lugar a outro defesa. Depois, sofreu uma lesão no jogo seguinte frente ao Manchester City que o afastou do resto da temporada.
Essa mesma lesão reduziu as hipóteses de poder trabalhar com a equipa principal nesta pré-temporada. Ao contrário do que aconteceu com Jack Henry-Francis, e que já escrevi aqui, que teve a sua possibilidade de se estrear no jogo com o Hibernian, não é difícil perceber que Charlie Patino não teve essa possibilidade por não estar ainda na sua melhor forma.
Por isso, foi com bons olhos que se viu Patino de regresso aos relvados pelos sub-23 no jogo contra o Bromley. Ele foi imediatamente titular neste seu regresso, embora pareça ser claro que o Arsenal quer tratar do jovem com cuidado – foi um dos poucos a ser substituído ao intervalo. Mas na primeira parte, o jovem médio voltou a estar a grande nível.
O que salta logo à vista é a forma como o jovem esquerdino ganha espaço dentro de campo. Ele roda para um lado e para o outro de forma a se escapar do seu adversário, e tem sempre a cabeça levantada de forma a procurar o próximo passe para a frente. Ele tanto consegue transportar a bola para o ataque, como recuar no terreno para fazer o seu trabalho defensivo.
Num jogo onde a equipa do Arsenal ainda não está completamente pronta fisicamente e em que o Bromley parecia melhor por levar uma pré-temporada mais adiantada, a nossa equipa teve dificuldades em transportar a bola para frente. Todos os passes curtos eram intercetados e as bolas longas cabeceadas para longe.
No entanto, Patino conseguiu fazer alguns passes diagonais de grande qualidade à procura dos extremos, sendo esta a única forma do Arsenal tentar conseguir chegar com perigo à área adversária nos primeiros 45 minutos do jogo.
Recentemente, Charlie Watts fez um bom artigo sobre o potencial futuro de Patino na equipa principal, dando a entender quer os responsáveis dos Gunners pretendem que o jogador mantenha o seu desenvolvimento na academia, em vez de sair por empréstimo como é habitual nos jovens jogadores. Por isso, é de acreditar que os sub-23 vão beneficiar da sua presença.
Parte do problema da equipa que foi comandada por Steve Bould na temporada passada – entretanto o treinador foi despedido – devia-se ao seu meio-campo não ser trabalhador e com capacidade de transporte de bola em progressão. A sua equipa tinha médios capazes de serem bastante eficazes no último terço do campo, como Ben Cottrell, e médios especialistas no trabalho defensivo, como Tim Akinola. Mas sentia-se a falta de alguém que fizesse a ligação entre estes dois, em particular durante as ausências de Miguel Azeez.
Charlie Patino com certeza irá ajudar com isso. Juntamente com Azeez, a equipa de sub-23 tem agora a base para construir a partir de trás, ajudando também os jogadores mais avançados no seu trabalho e desenvolvimento. Patino tem um futuro brilhante à sua frente, mas também um papel muito importante no presente.
Ricardo Pires