Opinião: Women – Calendário desafiante logo abrir

O desporto – e o futebol feminino em particular – está prestes a entrar numa subcarga de jogos com três grandes torneios a acontecerem num curto espaço de dois meses. E tal poderá causar grandes repercussões à equipa do Arsenal e ao novo treinador Jonas Eidevall.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, a Women’s Super League e a cobiçada UEFA Women’s Champions League começam com um intervalo de oito semanas entre elas, com os Jogos Olímpicos arrancarem ainda neste mês de Julho, a Women’s Super League em Setembro e, as cruciais qualificações para a Liga dos Campeões em Agosto.

Mas, para nossa preocupação, será a equipa do Arsenal a ter de realizar essas qualificações. Não os nossos rivais diretos, Chelsea ou Manchester City.

Que outras preocupações poderemos ter? Irá existir fadiga entre as jogadoras-chave da equipa que estejam ao serviço das suas seleções nos Jogos de Tóquio.

Eidevall estará sem nove jogadoras para o importante confronto de qualificação para a Liga dos Campeões frente às cazaques do FC Okzhetpes. Vivianne Miedema está ao serviço da Holanda, Mara Iwabuchi do Japão, Leah Williamson, Kim Little, Nikita Parris e Lotte Wubben-Moy (esta última de reserva) pela seleção britânica e Caitlin Foord, Steph Catley e Lydia Williams representam as Matildas, como é conhecida a seleção feminina australiana.

No total, uma boa parte da nossa equipa titular estará indisponível para ser opção, colocando ainda mais pressão sobre algumas jogadoras que foram menos utilizadas na temporada de 2020/21.

O Chelsea tem oito jogadoras em Tóquio enquanto o Manchester City tem doze, mas as duas equipas conseguiram evitar as primeiras eliminatórias da competição da UEFA ao terminarem acima do Arsenal na Women’s Super League da temporada passada.

O novo treinador das Gunners, Jonas Eidevall, irá com certeza aproveitar para começar a trabalhar cedo com quem se apresentou nos últimos dias em Londres, de forma a implementar novas táticas no que sobra do plantel. Mas começar a pré-temporada também bastante cedo poderá levar a que as jogadoras apresentem desgaste numa altura precoce da temporada, seja mentalmente seja fisicamente.

E, embora nos tenhamos reforçado bem neste mercado de transferências – tanto Mana Iwabuchi como Nikita Parris são excelentes contratações – também vimos Danielle van de Donk a sair para o Olympique Lyon e tanto Jill Roord como Leonie Maier a terminarem os seus contratos e a seguirem as suas carreiras em outros clubes. Não considero aqui Ruby Mace pois a jovem jogadora esteve emprestada ao Birmingham City. Por isso, em termos de números no plantel, estamos pior.

Temos boas opções no que toca à maioria das posições em campo, algo que é crucial se queremos apanhar o Chelsea na próxima temporada. Na baliza tanto Manuela Zinsberger como Lydia Williams são opções sólidas. Na frente de ataque temos Miedema e Foord são o destaque, embora outras jogadoras mais versáteis se possam chegar à frente. No meio-campo, Kim Little, Jordan Nobbs, Katie McCabe e Lisa Evans podem servir o ataque com bastante eficácia.

Mas com o calendário a ficar cada vez mais subcarregado, todas as jogadoras terão de ter alguma sorte mas principalmente trabalhar muito bem para evitar lesões que comprometam os planos do Arsenal para a nova temporada.

Em retrospetiva, o terceiro lugar da temporada passada não foi bom o suficiente para um clube do tamanho do Arsenal – o mais titulado em Inglaterra e o único inglês detentor de uma competição da UEFA. Joe Montemurro decidiu sair e o Arsenal apresentou Jonas Eidevall como o seu substituto, mas para além disso prometeu um novo nível de investimento no clube. Novas áreas de treino e fundos para transferências foram prometidos por Vinai Venkatesham, mas agora está quase na hora do Arsenal começar apresentar resultados.

E com um calendário como este a estar cada vez mais próximo, precisamos de trabalhar como se o próximo jogo fosse já contra o Chelsea.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio começaram hoje. Boa sorte às nossas raparigas, a época começou oficialmente.

Ricardo Pires

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